Quickly Travel relembra a história por trás do dia 18 de junho, o Dia da Imigração Japonesa no Brasil
No início do século XXI, quem poderia imaginar que países com costumes e culturas tão diferentes, separados por milhares de quilômetros de distância, pudessem construir uma longa e centenária história de intercâmbio cultural como Brasil e Japão?
E se hoje o Brasil é o lar da maior comunidade japonesa fora do Japão no mundo, com mais de 1,6 milhões de japoneses e descendentes diretos ou indiretos vivendo em perfeita harmonia com o povo brasileiro, isso se deve a um importante capítulo da história nipo-brasileira, o dia 18 de junho de 1908.
112 anos de parceria!
A data marca a chegada dos primeiros imigrantes japoneses no Brasil, que desembarcaram do navio Kasato Maru, em Santos, após 52 dias de viagem. Na ocasião, cerca de 165 famílias chegaram ao país para trabalhar nas lavouras cafeeiras após um acordo entre os governos brasileiro e japonês.
A vinda de imigrantes japoneses para o Brasil foi motivada por um interesse mútuo. O Brasil precisava de mão de obra para as fazendas de café em São Paulo e no norte do Paraná e os japoneses precisavam aliviar a tensão social no país causada pelo seu alto índice demográfico.
A experiência, no entanto, não foi muito bem sucedida no começo. Os japoneses recém chegados foram distribuídos em seis fazendas paulistas e enfrentaram um duro processo de adaptação. Muitos foram abandonando seus empregos gradativamente e, ao fim de 1909, apenas 191 de 793 imigrantes ainda estavam trabalhando na lavoura.
O problema persistiu com outros recém chegados, mas aos poucos os conflitos foram diminuindo e a permanência nos locais de trabalho aumentou. Em 1914, o número de trabalhadores japoneses no Estado de São Paulo já ultrapassava a incrível marca de 10.000 pessoas, o que motivou o governo a proibir novas contratações.
No entanto, a abertura de novas comunidades rurais utilizando-se de mão de obra já existente continuaram a crescer e, com o avanço, escolas primárias para atender crianças japonesas começaram a surgir, assim como diversas publicações voltadas para a comunidade japonesa, que em 1932 já correspondia a 132.689 pessoas, passaram a circular com certa frequência.
Mas em 1938, um ano antes da Segunda Guerra, o clima amistoso entre o governo e imigrantes deixou de existir com o fechamento de todas as escolas estrangeiras no país, sobretudo as japonesas, alemãs e italianas. Até o fim da guerra os imigrantes viveram um período de severas restrições e o confisco de bens. A paz só foi restabelecida em 1948, com a eleição de Yukishige Tamura ao cargo de vereador em São Paulo e, 50 anos depois do navio Kasato Maru, o número de japoneses e descendentes no país já ultrapassava a casa dos 400.000.
Encorajadas pelo crescimento da comunidade no país, algumas empresas japonesas passam a investir no Brasil e importantes figuras nipônicas, como o Príncipe Herdeiro do Japão, Akihito e a princesa Michiko, começam a visitar o Brasil em compromissos diplomáticos. Quase 60 anos depois, em chegadas irregulares de navios, o Porto de Santos registrava, em 1973, a última embarcação a trazer imigrantes japoneses.
Um Brasil cada vez mais japonês!
Desde então, em mais de 100 anos de história, os japoneses passaram a fazer parte da nossa sociedade e a ocupar cargos notáveis, tanto na esfera política, como nas artes culturais. A produção e o consumo de obras literárias inspiradas na cultura japonesa, aliás, ajudou a fomentar ainda mais o intercâmbio cultural entre esses dois países com o interesse e a ida de milhares de japoneses e descendentes do Brasil para o Japão no fim da década de 80 e começo dos anos 90 para conhecerem suas raízes.
Tal fenômeno imigratório reverso serviu para estreitar ainda mais os laços entre Brasil e Japão e a despertar a curiosidade do povo brasileiro para a cultura japonesa, cada vez mais nítida em suas mais variadas formas em nosso país.
**Todas as imagens neste post pertencem ao Acervo do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil e podem ser utilizadas somente com autorização